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Ceifeira Fendt 5275c

30/10/2017

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abolsamia: Quando alguém na vanguarda do setor decide fazer um considerável investimento na compra de uma ceifeira quando muitos preconizam a “queda” dos cereais, surge a inevitável questão: porquê?

João Coimbra: “As pessoas pensam, numa altura em que já ninguém faz milho, em que os cereais estão a desaparecer, não faz muito sentido, parece um contrassenso comprar uma ceifeira. Este homem deve ser maluco”. Foi assim que João Coimbra, agricultor e empresário, nos introduziu à nova ceifeira que equipa o parque de máquinas da exploração agrícola que gere. No entanto, tal como todas as decisões tomadas no seu negócio, a compra não foi feita por acaso, ou de ânimo leve. “Fazermos um investimento desta natureza numa altura em que os cereais estão a ficar fora o mercado tem uma explicação simples: eu continuo a acreditar neste negócio, e tenho dados que suportam a minha opinião. No final do dia, continuamos a conseguir ganhar dinheiro”. “Os dados”, ou data, a informação, que vale mais que o ouro dizem alguns, é tema central para esta exploração, e está intimamente ligada à compra de uma nova ceifeira.

“Eu tinha uma ceifeira já muito velha, com 15 anos, que estava já com grandes problemas. Tenho mais área do que tinha, quero ter ainda mais área, e isso obrigava-me a investir pois não podemos parar. E o milho acaba por ser para mim uma cultura interessante na forma como nós aqui a temos desenvolvido, com cada vez mais tecnologia e cada vez mais eficiência, cada vez mais produção e continuando a haver rentabilidade. Essa rentabilidade tem que ser suficiente para gerar rendimento para comprar máquinas destas, que têm um valor enorme mas que são completamente necessárias para que todo o ciclo seja, também ele, fechado com máquinas com qualidade e com capacidade de se associar ao projeto de agricultura de precisão que nós temos na quinta. Esta era uma peça que faltava”, concluiu.

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Quisemos saber o porquê de ir buscar uma marca que, neste tipo de equipamentos, não estava presente em Portugal. Um misto de oportunidade e necessidade esteve na base da decisão. “Fomos desafiados a sermos parceiros na introdução deste produto em Portugal e, este é também para nós um desafio interessante. A outra ceifeira tinha sido adaptada mas já estava muito antiquada e, com esta máquina vamos, como já referi, tentar fechar o ciclo: tudo em autocondução, desde a sementeira até à colheita, para não haver desperdício. Foi uma oportunidade porque a Fendt quis trazer a máquina para Portugal e nós associámo-nos a esse investimento, mesmo sabendo que é tudo novo: eletrónica nova, uma máquina nova em Portugal e, tudo o que é agricultura de precisão, os conhecimentos andam perto do zero. E eu já tenho experiência de que com tudo o que são máquinas novas é sempre uma aflição. Nem tanto em termos de assistência mas, sobretudo, ao nível da configuração. É, repito, muita eletrónica, e é tudo novo. A própria Fendt está a passar isso para esta marca, que era uma marca italiana que compraram há quatro ou cinco anos, a Laverda. Asseguraram-nos que a qualidade da assistência será impecável, tal como nos tratores, onde contamos com o apoio da Agripóvoa. Na Fendt temos as coisas muito bem organizadas porque é uma marca já consolidada. Nas ceifeiras é uma novidade, vamos ver como é que funciona. Um dos receios maiores que eu tinha era não haver uma base de stock que Quisemos saber o porquê de ir buscar uma marca que, neste tipo de equipamentos, não estava presente em Portugal. Um misto de oportunidade e necessidade esteve na base da decisão.

“Fomos desafiados a sermos parceiros na introdução deste produto em Portugal e, este é também para nós um desafio interessante. A outra ceifeira tinha sido adaptada mas já estava muito antiquada e, com esta máquina vamos, como já referi, tentar fechar o ciclo: tudo em autocondução, desde a sementeira até à colheita, para não haver desperdício. Foi uma oportunidade porque a Fendt quis trazer a máquina para Portugal e nós associámo-nos a esse investimento, mesmo sabendo que é tudo novo: eletrónica nova, uma máquina nova em Portugal e, tudo o que é agricultura de precisão, os conhecimentos andam perto do zero. E eu já tenho experiência de que com tudo o que são máquinas novas é sempre uma aflição. Nem tanto em termos de assistência mas, sobretudo, ao nível da configuração. É, repito, muita eletrónica, e é tudo novo. A própria Fendt está a passar isso para esta marca, que era uma marca italiana que compraram há quatro ou cinco anos, a Laverda. Asseguraram-nos que a qualidade da assistência será impecável, tal como nos tratores, onde contamos com o apoio da Agripóvoa. Na Fendt temos as coisas muito bem organizadas porque é uma marca já consolidada. Nas ceifeiras é uma novidade, vamos ver como é que funciona. Um dos receios maiores que eu tinha era não haver uma base de stock que fosse suficiente, o que numa altura em que a ceifeira precisa de trabalhar e as avarias são constantes, poderia ser um problema. No entanto, tal como nas outras marcas, também aqui existe a lógica de stock zero e todas as peças são enviadas em 24 horas”.

Relativamente à carga de trabalho prevista para a máquina, esta deve rondar os 400 a 500 hectares, permitindo uma redução do trabalho feito por terceiros. No entanto, a razão mais importante nem é esta mas sim a tal informação que nem sempre se consegue quando se recorre a prestadores de serviço. “Em termos de área, estamos a contar que uma ceifeira faça 400 ou 500 hectares, apesar de nós termos mais. Normalmente temos sempre uma alugada e uma própria. Com esta vamos tentar fazer cerca de 80% da área que temos. Vamos assim tentar reduzir uma parte do aluguer a que recorríamos. Uma das razões é que neste tipo de equipamento, a prestação de serviço tem alguns problemas de cariz técnico, principalmente os mapas de rentabilidade, os mapas de produtividade. Com esta máquina esperamos que as coisas se resolvam, para que não haja falta de informação depois da colheita, que é aquilo que a nós nos interessa muito. Queremos uma boa qualidade de colheita, eficaz, com baixos níveis de desperdício e, depois, os registos técnicos dos mapas de produtividade, tendo ainda esta máquina uma outra novidade que é o facto de ser autoguiada, não havendo assim desvios em relação aos alinhamentos que já foram feitos na própria sementeira”.

A informação, o tratamento dos dados é, como já referido, ponto fulcral nesta exploração e influencia todas as decisões tomadas, mesmo a escolha de prestadores de serviço. “Aqui, na nossa casa, há já três anos que temos tudo mapeado. O que nos interessa é ter o máximo de dados possíveis ao longo dos vários anos para podermos comparar.  Tenho o 2014, 15, 16 e agora vou para o 17. Por exemplo, vem uma empresa de prestação de serviços, se não tiver mapas de rendimentos já não entra cá em casa. É fundamental que os agricultores exijam esta informação para que os operadores peçam estes equipamentos para as suas máquinas. Eu acredito muito nos prestadores de serviço. O agricultor não tem dimensão para ter este esforço. É um esforço brutal. Tenho aqui um técnico muito bom, licenciado, tenho ainda um outro também licenciado e só fazem isto. A maioria das casas não tem isto. Primeiro temos que convencer os operadores, criar apetência pelo produto. Os prestadores de serviço têm muitos clientes e podem fazer concorrência. Tenho dito a todos os agricultores. “Peçam mapas de produtividade. Se houver um prestador que tem e outro não, peçam ao que tem”. Os operadores que cobrem alguma coisa por isso, para que também eles se sintam interessados. Nos EUA é quase obrigatório, porque lá é utilizado para controlar. Aquilo apareceu para faturar. O prestador fatura logo o serviço ao cliente. No início foi feito só para isto, não era para saber o mapa de rendimentos. Na Europa ainda há muito pouca coisa sobre isto, ao contrário dos EUA. Eu trabalho com uma empresa ucraniana na gestão  das imagens de satélite. Nunca os vi, trabalhamos sempre por Skype. Estamos a detetar e prever quando e quanto vamos ter ao nível das produções. Esta é a grande revolução, as tecnologias de informação. Que nos permitem trocar e obter informação no momento com pessoas que estão noutra parte do mundo”.

Mas não será tudo isto ainda demasiado complexo também para os prestadores de serviço do nosso país? João Coimbra tem também na sua exploração uma equipa que se prepara para os poder ajudar. “Nesta nossa equipa, temos membros que estão a formar uma equipa que farão assessoria aos prestadores de serviço. Aquilo que está a acontecer é um ciclo vicioso: como os agricultores não pedem, os operadores não têm. Há máquinas que vêm com este equipamento de série mas os operadores não afinam, não calibram, ao final de dois dias já ninguém retira de lá os dados. Assim, estes membros da nossa equipa vão formar uma empresa para ajudar neste campo. Se uma pessoa precisar de qualquer ajuda nesta área, esta empresa fará a assessoria durante todo o processo de migração para a agricultura de precisão. É que esta migração de uma quinta da agricultura tradicional para a agricultura de precisão tem tantos problemas e tantos bugs que vai ser preciso assessoria. Se não existir esta ajuda, ao terceiro dia as pessoas mandam tudo para o lixo e desistem. Não querem nem ouvir falar em agricultura de precisão. Nós estamos há três anos com muita insistência minha, com muitos bugs, com muitos prejuízos e, mesmo assim, ainda não estamos a 100%. É preciso uma insistência louca, eu também adoro informática, é preciso acreditar, e é preciso ter a sensação de que vai haver uma mais valia. Há pessoas que veem menos valia nos riscos porque há acidentes, não é? Também há acidentes nos carros sem condutor mas qualquer dia serão todos assim. Eu acredito que cada vez mais os passos que estão a ser dados são neste sentido. Não há forma de voltar atrás, só que há uma resistência sempre da parte agrícola porque é um ciclo vicioso: não há pessoas a ajudar, o agricultor tem medo. Tem medo, é conservador, prefere fazer aquilo que já sabe. E quando se mete em áreas como eu estou, em que não se sabe bem onde se anda, andamos a apalpar... Depois as pessoas desistem. O espaço, o timing... o agricultor anda sempre aflito, sempre atrasado, e então imagine esperar um dia para que alguém lhe mande um ficheiro... Vai de qualquer maneira. Tem que se ser muito persistente e ter alguma capacidade de investimento. Se há um acidente, a pessoa no ano seguinte já não quer e diz: “vai tu à frente, nós quando isso estiver tudo feito, vamos lá ver e copia-se”. Como ninguém quer ir à frente... Se houvesse 50 agricultores a fazer isto, era facílimo”, finalizou.

E será que todo este esforço vale a pena? Não valeria mais seguir a tendência de muitos agricultores e mudar para outras culturas que não o milho? “Eu daqui a dois anos posso estar a dizer tudo ao contrário. Só os burros é que não mudam de opinião. Quando eu não acreditar nisto e vir que os acréscimos crescentes começam a ser decrescentes, vamos ver para onde é que vai... Tenho ido a todos os colóquios, visitado todas as explorações de outras culturas, e aquilo que eu vejo na minha exploração continua a fazer-me acreditar no milho. E vejo muitas pessoas que não têm sucesso na cultura do milho e o problema não é o milho. É o processo produtivo, a maneira como se produz. Há muita gente que está a abandonar o milho com terras belíssimas, de primeira qualidade, e a passar para outras culturas, e acham que isto é de modas, “vamos todos para o não sei o quê agora”. No meu caso, é a agricultura de precisão que me vai dizer. Eu já abandonei imensas parcelas, cantos de pivots, nalguns vamos colocar ervas aromáticas, frutos vermelhos, e isso pode ser a solução. Com o mapa de rendimento, se eu tiver cinco anos seguidos rendimento negativo naquela parcela, então sim, abandono. Agora, se a minha exploração ganha dinheiro é sinal que há umas que ganham muito e outras perdem, e a média dá para ganhar dinheiro. Há muita gente que me diz, “quantos mais hectares fizer, melhor, porque divido os custos fixos”, é verdade, se não eu punha-me só a fazer 10 hectares onde as minhas produções têm vinte toneladas mas isso não me chegava para os custos fixos. Mas dentro de cantos de pivots, pequenas parcelas, cantos de parcelas, parcelas muito afastadas... Eu hoje consigo saber perfeitamente, graças aos mapas, onde é que estou a ganhar dinheiro. Assim, este mapa de produtividade é a ferramenta número um para entrar na agricultura de precisão e, felizmente, os cereais são os únicos que fazem isso. Nos olivais ainda não há máquinas para ver o que é que se está a produzir, no vinho também não, e, portanto, as pessoas ainda andam às cegas. Aqui eu sei quanto é que cada metro quadrado produziu e isso é um avanço extraordinário para depois ter coisas também diferentes”, concluiu João.

Drones

com o drone faço fotografias sobre o milho, isto na fase de emergência, depois tenho uma máquina que mede a área que está entre as linhas de milho. A partir do momento em que está numa determinada percentagem faz-se um desenho e o pulverizador vai lá e cura só naquele espaço. Portanto, não só o operador leva um mapa no trator e sabe perfeitamente onde é que tem de curar. Poupámos 90% do tempo e à volta de 30% de matéria ativa. Foi espetacular.

 

Processo de migração para agricultura de precisão

Começámos pela rega, onde hoje já está completamente dominado, depois foi a auto-condução, que é isto que estamos a falar, e os mapas de produtividade. E agora as prescrições, começámos a fazer este ano, que é adubar também com diferenciação. Ou seja, eu digo que ali adubo 100 quilos, ali adubo10, ali não adubo nada. Também na sementeira, fazemos ao nível da densidade. Nos EUA já existe com duas variedades de sementes diferentes, se estou numa areia ponho uma variedade, se estou num barro ponho outra. Nós o que testamos aqui é só população.

 

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