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Etelgra 40 anos a par da evolução

19/12/2022

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O meu marido era uma pessoa que gostava muito de criar objetivos para se auto-motivar. Se ele cá estivesse, não sei dizer se estaria igual ou melhor. Mostrava sempre muita determinação em tudo o que fazia.” O olhar de Graciete Matias não esconde tristeza quando recorda Etelvino Carrasquinha, o marido e fundador da Etelgra, Lda. De um dia para o outro, a empresa ficou-lhe nas mãos, e Graciete, com dois filhos menores, teve de arregaçar as mangas e gerir uma empresa que comemorou 40 anos em setembro deste ano. Mas não o fez sem ajuda.

Três pilares num momento decisivo

Nessa altura, já o filho Nelson trabalhava na oficina. “Desde que me lembro, as minhas férias eram aqui. Depois do que aconteceu [falecimento de Etelvino Carrasquinha em janeiro de 1995], tivemos três grandes pilares que nos apoiaram em tudo: na oficina, o senhor Vicente, que já se reformou, o senhor Sousa na parte administrativa e o senhor Mário na parte comercial e de vendas. A partir desse dia, fomos avançando, com a minha mãe sempre presente”, explica Nelson, recordando a forma como o pai ajudou vários agricultores. “Vendia o trator dava um ano ou dois para pagar, mas deixava-o nas mãos do agricultor. Muitos cresceram e são hoje grandes graças a essa ajuda”, explica. Nelson fez o seu caminho dentro da empresa e hoje lidera a Etelgra. “Quando desisti do curso de engenharia, estabeleci-me aqui na oficina. Ao fim de três anos passei a ser vendedor na parte agrícola e automóvel. Após cinco anos, transitei para o escritório, para aprender a gerir a empresa”, conta quem segue a filosofia do pai: “Crescer cada vez mais e acompanhar a evolução do setor para responder às necessidades dos clientes.”

“Se não há, temos de os fabricar”

A Etelgra fechou 2022 com balanço positivo, ainda que 2023 prometa dar muito trabalho. “Os objetivos, em termos globais, foram concluídos. Para 2023, não vai ser fácil: o país e a Europa estão como vemos e não se consegue prever nada. Há que continuar o trabalho deste ano e estar muito atentos, trimestre a trimestre, para nos irmos adaptando ao mercado. Queremos melhorar as instalações a nível de imagem e condições de trabalho, veremos se é possível. Podia haver mais apoios do governo para as empresas...”, confessa Nelson Carrasquinha, que também enfrenta o problema da escassez de mão-de-obra mas com uma ideia definida. “A Etelgra tem falta de mão-de-obra, mas preferimos formar pessoas com a cultura da empresa. E uma das coisas que sempre aprendi é: ‘Se não há, temos de os fabricar.’ Foi o que me levou a ter a equipa de hoje.”

Duas apostas ganhas

Com 75% do volume de negócio a vir da parte agrícola - o restante da parte automóvel, onde Lara Machado, esposa de Nelson, é a responsável do Pós-Venda da Toyota na Etelgra, empresa onde trabalha há 8 anos -, e por ser concessionário da New Holland (fabricante de tratores e motores), a Etelgra sai a ganhar. “Há prazos longos de entrega e falta de peças e componentes em todas as marcas, mas como a New Holland produz, temos vantagem. Oferecemos equipamentos de agricultura de precisão e os clientes cada vez mais procuram isso”, explica.
Outra aposta com um excelente retorno, foi a expansão da Etelgra para Setúbal, realizada há 6 anos: “Já trabalhava lá com a Fiat na altura do meu pai. Depois, a a Fiat comprou a Ford e houve uma reorganização. Nós tínhamos a zona de Setúbal com a FiatAgri e quando nasceu a New Holland, perdemo-la. Mas sempre quisemos apoiar lá clientes e amigos da casa. Em 2016 aceitámos voltar a explorá-la.”

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