Notícias

Empresas

Galucho: “Com esta cisterna traçamos o caminho de desenvolvimento que queremos seguir”

29/03/2023

Partilhe:

"Objetivo: o melhor produto possível, o mais acessível possível"

Em 2021 a Galucho criou o Departamento de Inovação, Investigação e Desenvolvimento, dedicado única e exclusivamente a desenvolver novos produtos, tanto para a área agrícola como para os transportes. A equipa é composta por quatro engenheiros mecânicos, dois para a área agrícola e dois para a dos transportes, e trabalham de forma independente do Departamento de Engenharia.

“Permite-lhes ter tempo e liberdade para projetar as inovações que queremos fazer, interagir com entidades público-privadas, como a Universidade de Évora, o INESCTEC ou a ADVID, com quem vamos procurando desenvolver parcerias para o desenvolvimento de novos equipamentos. No fundo, confere-nos a agilidade e a dinâmica para trabalhar como uma start-up. O seu propósito é projetar o melhor produto possível, o mais acessível possível”, explicou o CEO da empresa. O primeiro fruto deste departamento foi lançado na Agroglobal 2021, o sachador para a floresta, mas já em 2022 surgiram dois novos produtos na área agrícola: a cisterna CG e o reboque PB.

Em setembro assistimos ao lançamento da nova cisterna CG, resultado do trabalho do Departamento de I&D. O que motivou o desenvolvimento deste produto?
Este equipamento tem na sua génese duas ideias. Em primeiro lugar, sentimos que era uma lacuna da nossa gama não existir um produto de maior capacidade, com procura tanto no mercado nacional como no de exportação. Em segundo lugar porque vai ao encontro da nova filosofia de produção da Galucho, uma construção modular. O nosso objetivo é que as três dimensões desta cisterna, 14, 16, e 18.000 litros, sejam um pipeline para as restantes dimensões, nomeadamente nas de 8, 10 e 12.000 litros. Esta filosofia garante ao utilizador uma liberdade muito maior ao longo da vida útil da cisterna, de a ir adaptando de acordo com as suas necessidades. Estamos apostados em conferir cada vez mais inovação e modernidade aos nossos produtos. Mais do que a expressão das suas vendas, com esta cisterna traçamos o caminho que queremos seguir nas várias áreas da nossa empresa. Tudo o que seja possível uniformizar na nossa gama, será uniformizado. A uniformização e, sobretudo, a simplificação do processo de fabrico tem sido o nosso principal foco nos últimos anos. A Galucho tem ao dia de hoje 37.000 referências diferentes. O mote que lançámos aos nossos engenheiros no desenvolvimento de novos produtos foi que se promova sempre que possível a integração de componentes já existentes.
 

Na mesma altura, foi também lançado o novo reboque PB, um produto com ampla aceitação no mercado nacional. Havia necessidade de atualização?
É um produto estrela na nossa empresa, com grande implementação no mercado. A nossa liderança nota-se junto dos clientes, onde verificamos uma cada vez maior aceitação dos reboques Galucho. É por isso que acreditamos que esta nova gama do PB vai ajudar-nos a consolidar esse estatuto. O objetivo foi modernizar o seu aspeto visual, aumentar ainda mais a robustez e resistência do equipamento, e melhorar a estanquicidade, sobretudo no transporte de cereal. A forma como passámos a produzir os taipais aumenta a sua eficácia neste parâmetro.
 

Para 2023 estavam prometidas duas novidades para a gama agrícola da Galucho…
Não vão ser duas, mas sim quatro novidades, talvez cinco. Para 2024 também já temos identificados os projetos com que queremos avançar. Estamos completamente abertos a parcerias de desenvolvimento e investigação, e somos uma empresa rápida no seu processo de decisão. Estamos disponíveis para investir recursos no desenvolvimento de novas soluções, nomeadamente na vinha e na floresta. No entanto, para garantir a viabilidade financeira dos desenvolvimentos de novos produtos, precisamos de garantir uma determinada escala de quantidade de unidades para produção, nem sempre exequível de garantir apenas com recurso ao mercado interno.
 

Por falar em parcerias, a certificação ISOBUS pode ser uma das novidades?
Desde a criação do nosso departamento de I&D em 2021, um dos desígnios desta equipa é precisamente o desenvolvimento das nossas competências na tecnologia ISOBUS bem como estabelecer contactos com parceiros tecnológicos que nos possam dar suporte. Temos vindo a estudar a aplicação desta tecnologia em algumas máquinas da nossa gama, com o intuito de encontrar o melhor compromisso entre custo de desenvolvimento, custo para o cliente final e mais-valia para o utilizador. Posto isso, sentimos que o melhor compromisso nos três indicadores mencionados, será alcançado com a nova gama de cisternas de maior capacidade e é algo que pretendemos ter disponível como opcional nestes equipamentos. Temos também em pipeline de desenvolvimento para 2023, uma nova versão da grade rápida GDM, que estamos a estudar a possibilidade de poder permitir instalar alguns opcionais com tecnologia ISOBUS.

Ainda no tema da Inovação, como é que a Galucho avalia o potencial de eletrificação das alfaias, para substituir cilindros hidráulicos, tubagens, etc, e em que tipo de alfaia da gama é que tal poderia avançar?
Julgamos que é algo que irá acontecer no futuro, mas não a curto prazo. Atualmente a principal fonte de energia de um trator é o seu sistema hidráulico e as alfaias tiram partido dessa fonte de energia. Este desenvolvimento tem de ser conjunto entre fabricantes de tratores e de alfaias pois os tratores também terão de ser equipados com sistemas de monitorização e controlo de atuadores elétricos. O sistema elétrico tem vantagens pelo facto de não haver risco de fugas, contaminação com óleo e algumas indústrias já fizeram esta transição pelas especificidades do seu negócio. Há também a vantagem de ser um sistema mais preciso e com maior velocidade de operação. Julgamos que inicialmente o sistema elétrico terá vantagem em máquinas com elevada componente hidráulica na substituição de sistemas com elevada complexidade e os acessórios associados.
 

A telemetria está a chegar mesmo às alfaias que não têm um sistema eletrónico próprio. Veem interesse em vir a adotar algum sistema deste género?
Sim. Nas reuniões que vamos realizando com os nossos parceiros tecnológicos discutimos a possibilidade de instalar nas máquinas que não tirem uma mais-valia total do sistema ISOBUS, um módulo mais simples onde se registe, por exemplo, localização da máquina, área trabalhada, nome do operador, intervalos de manutenção, etc.
 

Poderemos ver algumas parcerias com outros fabricantes nos próximos tempos?
Olhamos com uma “visão panorâmica” para o mercado. Queremos ser um player cada vez mais importante na agricultura em Portugal, seja como fabricante, seja como parceiro de outras marcas. Estamos a estudar neste momento parcerias com outros fabricantes para produção conjunta de alguns tipos de soluções, e a representação de algumas marcas premium em Portugal. Temos uma rede comercial fortíssima e queremos aproveitar isso mesmo. Não entraremos, seguramente, no mercado de tratores, mas tudo o que sejam equipamentos agrícolas e alfaias são uma possibilidade. Queremos servir cada vez melhor os nossos clientes. Queremos parceiros que partilhem dos nossos valores e que estejam focados na qualidade, tal como nós.

-ler-mais-

Partilhe:
Partilhe:
Pesquisa

Vídeos mais vistos

Vídeos mais vistos