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Entrevista

Ganhei o Machinery Guide!

30/10/2017

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João Martins a receber o prémio com José Rosa (Construlaser)

Leitor da revista “desde os tempos da escola” porque o pai é assinante desde a segunda edição da mesma, foi o vencedor do Concurso Fotográfico “Os fãs das máquinas agrícolas”, sob o tema da Agricultura de Precisão, organizado pela abolsamia e pela Construlaser, Equipamentos de Precisão, Lda. Fomos conhecer o João ao seu local de trabalho: a cabine de um trator.

abolsamia: O João Martins venceu o nosso concurso de fotografia. Como conheceu abolsamia?
João Martins: Já há muitos anos. Nos tempos da escola já levava a revista comigo. O meu pai é assinante da revista desde o número dois.

A fotografia com enfoque no campo e nas máquinas é para si uma espécie de hobby?
Sim é um hobbie. Gosto muito de fotografia e de máquinas e junto as duas coisas. Comecei mais para partilhar com os amigos, pelo facebook, instagram.

E como fotografa?
Só com o telemóvel. Fotografo e edito no telemóvel.

Como surgiu a fotografia que nos submeteu e que acabou por ganhar o concurso?
Foi um dia que andava a armar camalhões em São Mansos e na altura caiu um bocado de chuva e a terra estava cheia de pó e ficou aquela marca no vidro. Eu achei graça e tirei a foto. Estava a trabalhar com um trator Valtra e um armador de camalhões.

O concurso que venceu tinha como tema a Agricultura de Precisão (AP). A tecnologia e as práticas de agricultura de precisão estão presentes nos trabalhos que desenvolve?
Sim, em alguns trabalhos. Onde trabalhei mais com tecnologia foi lá em baixo, no Sul. Aqui não se usa tanto porque os terrenos são mais pequenos. Por exemplo, lá em baixo tinha 60 hectares. A armar camalhões se falharmos 5 centímetros em cada um, no fim, se calhar tínhamos dois ou três camalhões a mais. Se, por exemplo no tomate desse uma carga cada camalhão, dá duas cargas. Duas cargas dá 4/5 mil euros, por aí. É muita diferença. Agora aqui as terras são mais pequenas, não compensa o investimento.

Como tem feito a aprendizagem para retirar proveito destas tecnologias e destas práticas?
Chego ao controlo de bordo e começo a explorar até descobrir as coisas todas.

Quais os maiores dificuldades com que se tem confrontado?
Lá em baixo às vezes falhava a rede RTK.

É difícil para um operador habituar-se a trabalhar com AP?
Se uma pessoa tiver vontade de aprender, mesmo que tenha 60 anos aprende . Agora há pessoas que chegam a uma certa altura e acham que já sabem tudo, e acabam por não evoluir.

 

 

Ganhou um kit da Machinery Guide. Como vai tirar partido deste equipamento?
Vou começar a usar em breve, assim que estiver familiarizado.

Com que idade começou a trabalhar como operador de máquinas agrícola?
Foi o meu pai que me pôs em cima de um trator aos 3 anos, ainda não chegava aos pedais, era só contornar os fardos de palha. Aos 6 anos, não me deixava lavrar, mas quando ele tinha a charrua engatada, eu agarrava no trator e ia para a terra. Mais profissionalmente, foi desde os 15 anos.

Para além dos tratores, com que outras máquinas trabalha?
Mexo um bocadinho com tudo. Lá em baixo trabalhava muito com pulverizadores automotrizes. Se for preciso trabalhar com retro, trabalho. Aprendo rápido, portanto é o que for preciso. Gosto do que é novo.

Ser operador de máquinas é um trabalho que lhe dá prazer?
Sim dá. Gosto sobretudo de ensilar, lavrar, um bocadinho de tudo. Gosto de andar na estrada, sobretudo nesta zona porque os caminhos são muito apertados e isso dá-me “pica”.

A parte da manutenção também está por sua conta?
Sim, eu gosto da manutenção por uma coisa: se houver algum problema ou algum barulho estranho, sei logo de onde é. Não temos que recorrer a terceiros. Já desmontei algumas máquinas.

Sente falta de mais formação  para retirar ainda mais proveito das máquinas com que trabalha?
Gostava de ter formação na parte da electrónica das máquinas, estou um bocado “às escuras”. As pessoas não se querem abrir para ensinar, explicar.

Gostava de ter uma experiência no estrangeiro a trabalhar neste ramo?
Não digo que não, mas eu sou pouco de trocar de país, gosto muito de estar cá. Até já estive para ir para a Alemanha, para um prestador de serviços mas não aconteceu.

E como lida com os horários, que por vezes, a meio da campanha, implicam fazer longos turnos?
Não ligo a horários,  se há trabalho é para fazer. Já cheguei a fazer diretas. Antes trabalhava na vacaria do meu pai e trabalhava aqui também. Agora estou aqui a tempo inteiro.

O que é mais importante para si quando tem uma proposta de trabalho?
Sobretudo os patrões, se são honestos ou não. O mais importante é que haja respeito mútuo.

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