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Rede Servir, o argumento da qualidade e do rigor da cartografia militar

24/10/2023

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O Centro de Informação Geoespacial do Exército (CIGeoE) sucedeu, em 2015, ao Instituto Geográfico do Exército (IGeoE) - tornandose, assim, o herdeiro natural do espólio e das tradições. cartográficas militares portugueses.

De acordo com a sua missão, o Centro de Informação Geoespacial do Exército (CIGeoE) provê com informação Geoespacial o Exército e outras entidades, bem como desenvolve ações de investigação científica e tecnológica.

Neste âmbito, o CIGeoE implementou, em 2006, a Rede SERVIR (Sistema de Estações de Referência GNSS Virtuais). Concebida e desenvolvida internamente, esta consiste num conjunto de estações de referência permanentes de observação GNSS, instaladas em território continental, que permite fornecer correções em tempo real, para posicionamento por métodos GNSS e/ou dados para pós processamento. Esta tem uma cobertura territorial de todo o espaço continental de Portugal.

A abertura a parceiros externos à instituição militar permitiu colmatar uma falha que muitos agricultores (e outras entidades civis) tinham na precisão da geolocalização e no acesso a uma rede fidedigna e precisa de correções em tempo real, tarefa indispensável numa agricultura que se pretende cada vez mais eficiente e produtiva e para a qual são imprescindíveis os modernos sistemas de posicionamento, vulgo GNSS. Assim, a Rede Servir disponibiliza os seguintes serviços:

  • Posicionamento em modo RTK/DGPS;
  • Loja RINEX (permite o download de dados RINEX das estações CORS e VRS para pósprocessamento);
  • Download de dados em bruto (raw data);
  • FTP de dados RINEX (o FTP de dados RINEX destina-se a instituições e investigadores que tenham estabelecido protocolos com o CIGeoE).

Como explicou à revista abolsamia o Major Rosado Balão, interlocutor por excelência com as entidades parceiras e clientes da Rede SERVIR, o funcionamento desta é muito simples “através de uma rede de dados o utilizador liga-se ao centro de cálculo e processamento, o qual identifica a posição do utilizador no terreno, e após processar as observações GNSS disponibiliza as correções diferenciais aplicáveis à área de execução do trabalho. É então gerada para as proximidades do utilizador uma estação de referência virtual (VRS), sendo a partir desta que as correções são emitidas. Esta solução permite minimizar as perdas de sinal em comparação com a habitual ligação à estação mais próxima que outras soluções no mercado utilizam.

Como o Major Rosado Balão exemplifica, a Rede Servir está em constante manutenção e atualização. “A Rede tem a capacidade de processar maioritariamente o sinal oriundo de duas constelações de satélites: GPS (Estados Unidos) e Glonass (Rússia). Atualmente estamos num processo de melhoria da rede através da incrementação de novos recetores que possibilitam a utilização de novos sinais, como o Galileu (constelação de satélites da União Europeia) e a rede BeiDou (China). Atualmente, já temos três recetores capazes de ler todas as constelações, estando a fazer esforços para que nos próximos anos se consiga ter todos os recetores com esta capacidade. O critério de prioridade de substituição dos recetores têm sido as zonas com maior volume de utilização, visto que estes novos equipamentos já são capazes de trabalhar em tripla frequência, o que reduz de forma ainda mais significativa as perdas de sinal mesmo nas imediações de arvoredo ou edifícios, acelerando o processo de fixação do RTK e possibilitando a leitura de sinais de nova geração (sinais enviados pelas séries mais recentes das constelações de satélites).

Ao nível da precisão, e no caso da Rede Servir, esta pode depender do local de trabalho e das condições de observação durante a ocupação do ponto. Os testes realizados pelo CIGeoE, bem como a experiência adquirida ao longo do tempo, permitiram garantir uma precisão tridimensional (X, Y, Z) melhor que 5 (cinco) centímetros, quer no interior da rede, quer no exterior até uma distância de 20km da linha de base. Segundo o Major, “trabalhando com a nossa rede, os utilizadores conseguem obter precisões centimétricas (4 cm a nível horizontal e 7 cm a nível vertical) e, não menos importante, com uma grande estabilidade de sinal, fruto da forma como as correções são emitidas, por geração de uma VRS para o local de trabalho do utilizador”.

Mas é preciso algum equipamento específico? “Qualquer utilizador pode continuar a utilizar o equipamento que tem, seja de que marca for. A nossa rede também permite trabalhar com o sistema de coordenadas ETRS89, imprescindível para quem faça levantamentos topográficos, mas não tão importante para quem apenas necessite de orientação espacial. Para se ligar à rede o utilizador tem 2 portas de entrada, uma que disponibiliza correções diferenciais em WGS84 e uma outra para correções em ETRS89, esta última apenas acessível a equipamentos que permitem receber o RTCM de transmissão, maioritariamente equipamentos
Trimble. Para os que não têm esta capacidade, a Rede Servir está a trabalhar para que qualquer utilizador e com qualquer equipamento possa aceder às correções em ETRS89.
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Acompanhamento permanente faz a diferença
Com janelas de oportunidade curtas e tendo em vista a eficiência da atividade, os agricultores valorizam o acompanhamento permanente e um serviço de “apoio ao cliente” célere e disponível. Como refere o Major Rosado Balão, este é mesmo um dos grandes atributos diferenciadores da Rede SERVIR. “Um dos fatores que nos distingue é a nossa disponibilidade, capacidade e velocidade na resposta aos nossos clientes. Somos militares e esta forma de estar é algo que nos distingue. As nossas estações estão maioritariamente ao cuidado de unidades militares pois não podemos esperar dois ou três dias para que haja alguém que se desloque fisicamente à estação verificar uma falha ou corrigir um erro. Temos sempre alguém no local para dar uma resposta rápida”.

Necessidade de gerar receita explica custos
A Rede SERVIR é utilizada por entidades públicas, como Câmaras Municipais, Infraestruturas de Portugal, mas também por alguns clientes privados. É a pensar nesta falange que tem vindo a criar mais soluções que possam servir os clientes de todas as dimensões. “Temos já alguns utilizadores na área agrícola. Estamos no mercado desde 2012, altura em que éramos a única solução de rede existente. Hoje existem mais opções e, também por isso, decidimos criar novas soluções. Por exemplo, temos agora uma licença anual no valor de 738€, com descontos que variam consoante o número de licenças adquiridas, isto é, quanto maior o grupo de utilizadores  maior o desconto final, mas também temos soluções de pacotes de 24h que podem ser utilizadas durante um ano, no valor de 116€, para, por exemplo, utilizadores esporádicos. Na aquisição deste pacote, não precisa de utilizar as 24h de seguida, pode reparti-las por diferentes épocas e períodos de tempo já que a “contabilização” é feita à hora de serviço”.

E como é que se justificam estes custos para os utilizadores?
Este é um serviço que procuramos manter operacional 365 dias por ano sem haver longos períodos de interrupção, sendo que muitas das atualizações de sistema são efetuadas durante o período noturno ou em horas em que se verifique que não há utilizadores a trabalhar. Contudo, quando alguma situação ocorre, os nossos clientes são informados via SMS, há todo um cuidado com o cliente que do meu ponto de vista justifica o valor cobrado pela assinatura, uma vez que temos sempre alguém para apoiar o utilizador. Olhando para a área da agricultura, existem alturas especificas em que o volume de trabalho é maior, ter máquinas paradas devido a falhas na rede utilizada irá repercutir-se em perdas de receita por parte do agricultor, ter um serviço com um grau de prontidão como o nosso será uma mais valia justificando o investimento na nossa solução.

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