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Produção Animal

Robots de ordenha: 10 motivos para comprar e 10 motivos para pensar duas vezes

01/06/2021

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10 motivos para comprar:

1. Qualidade de vida do produtor
“Mais tempo para a família”, “Possibilidade de ir levar ou buscar os filhos à escola” são alguns dos argumentos mais usados pelos agricultores. “Não ter de fazer ordenhas”, para quem não gosta do trabalho rotineiro da ordenha, também. Parecem-me alegações legítimas e razoáveis. Os robots flexibilizam os horários. O trabalho não desaparece, simplesmente muda.

2. Mais leite
Esse aumento de produção que se verifica, com a instalação dos robots, está essencialmente relacionado com a passagem de 2 para 3 ordenhas. Para quem já faz 3 ordenhas, não é expectável uma subida de 10-15%. As marcas vão mostrar os robots com as melhores médias. No entanto, já vi robots com médias a variar dos 18 aos 45 L/ vaca/ dia. Aconselho a que visite quem está com boas médias, mas também os das médias mais baixas. Aprende-se com ambos.  

3. Conforto animal
Ter a possibilidade de ir 3 ou 4 vezes à ordenha, por dia, pode não ser importante para uma vaca próxima da secagem, mas para uma vaca recém-parida é. Assim que a pressão do leite, no úbere, se tornar desconfortável, a vaca vai procurar ser ordenhada. Além disso, na ordenha robotizada, cada teto é tratado como uma unidade de produção. Nas ordenhas convencionais, com retiradores automáticos, existe alguma sobreordenha dos tetos da frente, os quais têm menos leite. Isto acontece porque o retirador é accionado em função do fluxo de leite agregado dos 4 tetos. Já nos robots, o vácuo é desligado teto-a-teto, pelo que existe uma personalização do sistema para cada vaca e, num segundo plano, para cada teto. Não existe um valor padrão definido para todos os animais. Isto torna a ordenha mais confortável, para o animal.

4. Consistência dos procedimentos
As vacas são animais de rotina. Gostam de consistência nos procedimentos. Uma ordenha robotizada vai eliminar a ocorrência de falhas humanas, tornando o procedimento de ordenha perfeitamente previsível para o animal.

5. Maior eficiência da mão-de-obra
Nas vacarias, as ordenhas consomem muitas horas de trabalho. Nem sempre a instalação dos robots irá gerar uma redução do pessoal. Contudo, frequentemente torna essas horas de trabalho mais eficientes.

6. Mais informação e melhor informação
Existem softwares muito completos a processar os dados recolhidos, nas vacarias robotizadas. A Lely, para mim, continua a ter a interface mais intuitiva (Lely Time For Cows – T4C). Todavia, o Delpro (DeLaval) e o DairyPlan (GEA) não podem deixar de ser referidos, atendendo à qualidade dos mesmos. O Delpro, em particular, é notável como ferramenta de análise de dados. A utilização de inteligência artificial, para optimizar os resultados de cada efectivo, será o futuro. Na verdade, já é o futuro para quem usa alguns softwares. O software da Boumatic merece uma referência porque tem a funcionalidade do GPS, tornando mais fácil a localização de cada vaca. Na Lely, também existe, mas é opcional.

7. Limpeza automática das tetinas
A possibilidade de lavagem das tetinas, a cada ordenha, é uma opção básica, nos robots. Nalguns equipamentos, existe a opção de desinfecção a vapor ou com uma solução de ácido peracético. Esta é uma vantagem, desde que os sistemas de lavagem e/ ou desinfecção a vapor estejam ligados. Hoje em dia, muitas das ordenhas convencionais são montadas com retiradores automáticos e sem desinfecção entre as linhas, o que potencia a disseminação de agentes contagiosos. (Futuramente escreverei sobre os sistemas de desinfecção entre linhas, nas ordenhas convencionais).

8. Detecção das mastites teto-a-teto
A detecção do aumento da contagem de células somáticas (CCS) é feita teto-a-teto, pela condutividade eléctrica e cor do leite. Nas ordenhas convencionais electrónicas, o despiste (se existir) é feito no leite misturado dos 4 tetos. Assim, para identificar o(s) teto(s) afectados é necessária intervenção humana, para realizar o teste californiano de mastites (TCM) ou teste da raquete.

9. Menor custo em infraestruturas
Efectivamente o espaço onde o robot está alojado implica um menor investimento do que a construção de uma sala de ordenha. No caso da Boumatic, o robot oferece acesso à box por ambos os lados, o que pode ser uma mais valia no momento da escolha do local de instalação. Tal é possível porque o robot da Boumatic está patenteado por colocar as tetinas por trás e não de lado.

10. Possibilidade de integração com outros equipamentos
Para além da desinfecção a vapor, um extra exclusivo das ordenhas robotizadas, existem pelo menos mais 4 equipamentos possíveis de integrar. (1) As balanças de pesagem, que vejo frequentemente no piso dos robots Lely, são equipamentos acessíveis e que podem dar alertas, quando se verificarem variações significativas do peso de uma vaca. (2) Agradam-me as câmaras que medem a condição corporal de cada animal (DeLaval BCS). Estas podem ser montadas associadas ao robot (mas não só) e a informação por elas recolhidas é processada pelo software Delpro. (3) O Navigator da DeLaval é um equipamento sem equivalente no mercado, que consiste num mini-laboratório que pode dizer ao produtor, sem qualquer intervenção humana, se as vacas estão gestantes ou não, pelo doseamento da progesterona no leite, entre outras análises possíveis. (4) O Orbiter da Lely é um mini-processador de leite que, integrado com uma ordenha robotizada, permite embalar leite fresco, fazer iogurtes, etc., potenciando uma integração plena da cadeia do produtor ao consumidor.

 


10 motivos para pensar duas vezes:

1. Custos de manutenção
O custo de manutenção de uma ordenha robotizada é considerável. É significativamente mais elevado face ao de uma ordenha convencional. Para quem dá bastante importância a este item, sugiro que investiguem o robot da dinamarquesa SAC, em que existe um braço mecânico para 2 boxes e onde este custo poderá estar mais optimizado do que na concorrência.

2. Investimento
Para muitos produtores, a decisão de investimento não será entre uma ordenha com robot ou sem robot. Para muitos produtores, fruto das suas circunstâncias, a decisão será entre ordenha com robot ou abandonar a actividade. Por isso, apesar do investimento ser avultado, para muitos não será uma opção evitá-lo. O custo de um litro de leite obtido numa ordenha robotizada face a uma convencional é tendencialmente superior porque o investimento global é superior. O retorno do aumento de produção, em muitas vacarias vai ser “engolido” pelos encargos financeiros acrescidos e pelos custos de manutenção. Esta pressão financeira pode ser menor para quem recorrer a robots recondicionados/ usados.

3. Arranque trabalhoso
Começar com uma ordenha robotizada, implica um período de habituação para os animais e para o proprietário. É uma fase stressante para ambos. Todos os animais terão de ser treinados nos robots e a posição dos tetos identificada na primeira visita. Daí em diante, apenas as primíparas passarão por esse ritual.

4. Necessidade de estar sempre ligado ao telemóvel
Apesar de um robot oferecer flexibilidade em termos de horários, vai exigir proximidade 24/24h. Deverá existir alguém, na exploração, com disponibilidade e know-how para esvaziar os baldes de separação e corrigir qualquer erro/ alerta de funcionamento.

5. Conhecimentos mínimos de informática
Penso que este título dispensa uma explicação mais prolongada.

6. Consumo energético e de água
Este é um dos aspectos que tem vindo a ser melhorado ao longo dos anos. Para fazer face aos consumos energéticos dispersos ao longo do dia, não será má ideia considerar, a par com o investimento no(s) robot(s), o investimento em painéis fotovoltaicos.

7. Crescimento em módulos
As ordenhas convencionais têm a flexibilidade de permitir crescer além do inicialmente previsto. Quem investe em robots, fica condicionado no crescimento e quando opta por crescer tem de optimizar a compra da nova unidade. Por isso, o crescimento ocorre em blocos. Serve de excepção a esta regra a opção da ordenha robotizada em carrossel/ rotativa, onde a GEA é pioneira.

8. Necessidade de gerador eléctrico
Muitas vacarias com ordenhas convencionais também farão essa opção de compra, mas para quem tem robots, é altamente recomendável.

9. Não separação do leite por quartos
Apenas um robot no mercado (GEA), está dotado com um sistema que permite ordenhar 3 tetos bons para o tanque e um teto com CCS alta para fora. Os restantes robots obrigarão o proprietário a tomar a decisão de ordenhar os 4 tetos para o tanque ou a desprezar os 4 tetos para os baldes de separação. Esta tomada de decisão poderá precipitar a decisão de refugo de alguns animais.

10. Mastites contagiosas
Em vacarias com agentes de mastite de carácter contagioso, os robots podem proporcionar grandes dores de cabeça.  As escovas e as tetinas, quando contaminadas, podem aumentar a velocidade de disseminação de um agente no efectivo, entre vacas, pelo que um produtor com agentes contagiosos identificados tais como S. aureus, Strep. Agalactiae e Mycoplasma bovis deve consultar a opinião do seu médico veterinário assistente sobre a decisão de compra.

Quando me perguntam a minha opinião sobre as ordenhas robotizadas, costumo responder que são o futuro. Acredito mesmo que, com os avanços tecnológicos que virão, esta tecnologia será incontornável, cada vez mais perfeita, menos falível e com um custo/ benefício mais vantajoso para o produtor. As vacas… Essas parecem gostar.

 

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