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Entrar nos canteiros de arroz até depois de espigar

10/10/2024

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75 anos e três gerações nos canteiros de Alcácer
A família Marcolino, com raízes em Palma, Alcácer do Sal, produz arroz nos canteiros do Sado há três gerações. “São 65 anos que a minha família leva na cultura do arroz. Começou no meu avô, passou pelo meu pai, que continua, e agora eu. Ao dia de hoje, fazemos cerca de 170 hectares”, explicou Carlos Marcolino. Da primeira para a terceira geração, muita coisa mudou, nomeadamente a dimensão, quer dos canteiros, quer das máquinas. “Quando o meu pai se iniciou na orizicultura, o parque de máquinas era composto por tratores leves, sem tração. Eram pequenos, pelo que faziam larguras reduzidas de trabalho. Os canteiros também eram mais pequenos – hoje o mais pequeno que temos tem seis hectares”.

Rezar para não atascar
Os tratores, maiores e com mais capacidade de trabalho, também se foram tornando mais pesados, o que tornou cada vez mais difícil entrar nos canteiros à medida que a cultura se vai desenvolvendo. Tal, levou a que a capacidade de fazer tratamentos ficasse, no caso da família Marcolino, reduzida a dois, na melhor das hipóteses, três. “Experimentámos tudo de forma a conseguir pulverizar as vezes que fossem necessárias. No entanto, verificámos que, por mais que tentássemos, que inovássemos (desde os tipos de rodas, a depósitos colocados em zonas diferentes do trator), nunca éramos capazes de fazer mais de três pulverizações por campanha, pois provocávamos a destruição da cultura, nomeadamente porque o trator “assentava”, atascava, etc. Eram dias sem dormir ou/e a rezar antes de entrar dentro de cada canteiro para não ficar atascado ou estragar metade da cultura”, recordou Carlos.

Uma viagem que alterou paradigmas
A necessidade aguça o engenho e a procura por novas soluções. Foi assim que Carlos “chegou” aos pulverizadores automotrizes, bastante utilizados pelos orizicultores brasileiros. “Em 2023 deslocámo-nos ao Rio Grande do Sul e a Santa Catarina para vermos este tipo de máquinas em trabalho, falar com produtores utilizadores, e visitar as fábricas onde são construídos. Visitámos milhares de hectares distribuídos por diversas explorações e localizações. Desde dimensões de dezenas a milhares de hectares. Vimos como produzem, o tipo de solos em que trabalham, e o comportamento das máquinas em diversos contextos. No Brasil existe de tudo, desde terrenos fáceis a terrenos muito difíceis”, explicou.


Essa experiência em terras de Vera Cruz alterou por completo o paradigma que os Marcolinos, pai e filho, tinham daquilo que é possível fazer ao nível da pulverização e da sementeira dentro de água. “Vermos a máquina em trabalho alterou por completo a conceção que tínhamos sobre as possibilidades de pulverização e sementeira dentro de água. Vimos uma máquina de pulverização muito capaz em terras difíceis. Qualquer pessoa que tenha terras com pouca “sustentação”, onde os atascamentos são frequentes, vai certamente ficar surpreendido com a resposta que esta máquina dá. É muito leve, tem uma potência equilibrada para o seu peso, e uma excelente distribuição do mesmo. Não encontrámos nenhuma máquina com uma performance semelhante dentro dos canteiros de arroz. É uma máquina específica para esta cultura, ainda que também possa entrar no milho, por exemplo, desde que equipada com outro tipo de rodas”, explicou Carlos Marcolino (pai).

1ª campanha em Portugal: 5 tratamentos, metade do tempo por tratamento
Convencidos com o que viram, decidiram avançar para a compra de um pulverizador automotriz, que chegou a Portugal a tempo da campanha de 2024.
A máquina começou a trabalhar em Portugal em maio e fez, até agora, cinco operações, num total de 110 horas de trabalho e 170 hectares. “Já conseguimos entrar cinco vezes dentro da cultura sem qualquer tipo de problema, e se tivermos de entrar oito ou dez vezes também não teremos. É como andar no alcatrão. Para lhe dar um exemplo: até há dez anos não se fazia fungicida. Hoje fazemos na altura em que está a espigar e é obrigatório. Entrar numa seara com o arroz com 60 cm com um trator convencional vai acamar o arroz. Com esta máquina temos uma altura ao solo de 1,10 metros - mais do dobro do trator”, explicou Carlos Marcolino.
Tão ou mais importante foi o aumento da produtividade e da rentabilidade. “Conseguimos aumentar a largura de trabalho pois passámos de uma barra de 12 para uma de 20 metros, e a capacidade do depósito passou quase para o dobro – de 800 para 1500 litros (sendo que o depósito vai sempre cheio, ao contrário do que acontecia anteriormente). A par disto, a máquina tem uma bomba de enchimento rápido que enche 1000 litros em menos de dois minutos. Só no enchimento poupamos muito tempo. O consumo é outro ponto forte: gasta sensivelmente metade de um trator (fez uma média de 8 litros por hora), fazendo cerca de 10 hectares por hora. Isto levou-nos para outro nível de eficiência e rendimento horário. Fazemos um canteiro numa hora (contando já com dois abastecimentos). Antes demorávamos o dobro do tempo”, afirmou Carlos.

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