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Entrevista: “Crescemos 15% na marca Herculano”

06/07/2018

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abolsamia: Como correu o último ano?

Os números falam por si, crescemos 15 % na marca Herculano com o mercado nacional a representar 35 % da faturação e a exportação 65%. Foi sem dúvida um excelente ano não só para a Herculano como para o Grupo Ferpinta marcando mais uma vez um ano de liderança no setor.

Da última vez que falámos, a Herculano estava a implementar um novo processo de fabrico com vista à redução dos prazos de entrega. Como evoluiu este tema durante o último ano?

O projeto de aumento de produtividade e qualidade do produto final está ainda em curso e tem o nome de H+. Este projeto envolve todos os colaboradores da empresa num processo conjunto de melhoria dos processos produtivos, gestão de projetos de desenvolvimento e inovação, comunicação entre departamentos e essencialmente a implementação de uma cultura de melhoria contínua no dia-a-dia da empresa, buscando a perfeição a toda hora, em todos os locais e com todas pessoas.

Há um ano prometeu a apresentação de um reboque que constituiria uma novidade e que se destinaria sobretudo ao mercado externo. Passado um ano apresenta não uma, mas duas (cisterna e espalhador). Para o próximo ano está prometida alguma novidade?

Estamos numa fase de consolidação das duas últimas novidades apresentadas. Ao nível comercial será um ano de implementação destes novos produtos, no nosso departamento de desenvolvimento e inovação a aposta é dar mais um passo na evolução tecnológica destes dois produtos com a missão de entregar mais valor ao agricultor com soluções eficientes para a área da fertilização e transporte. As surpresas ficam reservadas para o SIMA do próximo ano.

No SIMA de Paris mostrou um corta-milhos que tinha sido desenvolvido para um caso específico de um agricultor francês. Na altura disse-nos que a abertura para este tipo de parcerias era total. Durante o último ano pode elencar alguns dos “produtos à medida” feitos pela Herculano?

Procuramos que todas as nossas soluções sejam a medida dos nossos clientes e por isso estamos em contínua melhoria e desenvolvimento dos equipamentos para irem cada vez mais ao encontro das suas exigências. As cisternas são um produto que apresenta uma grande variedade de opcionais e funcionalidades para os agricultores, possibilitando-lhes customizar a sua cisterna Herculano à medida das suas necessidades.

Vimos na FIMA os primeiros resultados práticos da parceria com o INESC TEC e a aposta cada vez maior na digitalização dos produtos da marca. Quais são os planos da Herculano na era da Agricultura 4.0?

Para a nossa equipa a inovação não pode ser apenas uma palavra, mas antes uma filosofia diária na forma como olhamos para o desenvolvimento dos nossos produtos e para o futuro da Herculano e do setor agrícola.

Todas as longas caminhadas começam com um passo e este foi o nosso primeiro passo nesta nova área de digitalização da agricultura 4.0. Contamos com a excelente parceria com o INESTEC com o objetivo de desenvolver produtos para a agricultura de precisão, ecologicamente sustentáveis e que no final aumentem a rentabilidade para o agricultor.

Neste último ano, dedicámo-nos à investigação e desenvolvimento duma cisterna e dum espalhador inteligentes, a um custo competitivo, eficientes e versáteis para utilização na agricultura 4.0 e com um claro contributo para o aumento da eficiência da operação de fertilização nas componentes ambiental, agronómica e económica.

A inovação passou a ser um pilar estratégico da Herculano, inclusive com dois produtos já apresentados. Qual a explicação para este salto da empresa em termos de inovação dos produtos e preocupação ambiental?

Até 2050, estima-se que a população mundial aumente entre 2 a 3 mil milhões (de 7 para 10 mil milhões). De acordo com a FAO, este fator demográfico, aliado ao aumento do poder económico dos países subdesenvolvidos, irá duplicar a procura de alimentos o que exigirá duplicar a produtividade agrícola, já que é escassa a terra arável disponível.

Esta necessidade de produzir mais com menos recursos conduzirá, inevitavelmente, à intensificação dos sistemas de produção agrícola o que poderá originar maiores riscos de ocorrência de pragas e doenças, diminuição da fertilidade do solo e problemas ambientais tais como a contaminação, salinização e erosão do solo.

Estes problemas só poderão ser mitigados através do recurso a tecnologias inovadoras com enfoque em processos com níveis de performance elevados, numa ótica de agricultura de precisão, a qual terá um impacto positivo sobre a eficiência de utilização dos recursos. Portanto, procuramos entender o que será o futuro para os agricultores para nos prepararmos com soluções que os permitam enfrentar os novos paradigmas.

A agricultura de precisão é cada vez mais uma realidade também no mercado português. Como vê a Herculano esta questão?

Por tudo o que foi abordado na questão anterior, exige-se hoje mais agricultura de precisão, impondo máquinas baseadas em tecnologia de automação, de processos precisos capazes de aplicar os produtos na quantidade certa, no local exato, no momento certo e que ao mesmo tempo consigam avaliar e reportar o estado da cultura e do solo e a operação realizada de acordo com os princípios da agricultura 4.0/ indústria 4.0.

A fertilização e a correção orgânica dos solos, hoje em dia, utilizando espalhadores de estrume e cisternas de chorume, são operações agronómicas realizadas com muito baixa eficiência em termos ambientais e económicos. Existindo mesmo normativas europeias tendencialmente mais rígidas, que exigem maior controlo nos processos de fertilização por forma a reduzir a quantidade de azoto aplicado.

Nós pretendemos estar ao lado dos agricultores, fazendo jus ao nosso lema “Consigo no terreno”, com produtos que respondam às novas exigências legislativas e principalmente à rentabilidade dos seus negócios, pois hoje em dia o potencial do valor económico dos dejetos animais é bastante elevado, portanto é necessário efetuar a sua correta gestão e aproveitamento na fertilização racional do solo e, também como meio adequado de reciclar nutrientes.

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