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Mercado português: crescimento vai-se diluindo no tempo

14/10/2022

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Sinais de agosto já indiciam queda
Os primeiros oito meses de 2022 apresentam um resultado positivo em relação ao período homólogo do ano passado nas matrículas de tratores em Portugal, mas o crescimento já não é acentuado como o foi nos primeiros seis meses do ano. O aumento é agora de 4,47% e o cenário para o último quadrimestre do ano continua a denunciar uma quebra apontada por todos os representantes de marcas. Os preços da energia e das matérias-primas continuam a subir e a escassez de máquinas para entrega é cada vez maior, depois das marcas terem escoado um stock que dizia respeito a atrasos relativos ao final do ano passado.

Nesta fase, segundo nos relatou o Engº Nuno Santos, diretor-comercial do Entreposto Máquinas, “o arranque de 2023 dependerá das campanhas do final deste ano e das políticas económicas em que os governos europeus vão apostar”. A continuidade do período de guerra na Ucrânia, aliada a uma seca que tem inviabilizado a entrada das máquinas no terreno, esfriou a confiança do agricultor em investir e o ligeiro aumento em relação ao mesmo período do ano passado é, quase por inteiro, suportado pelo crescimento acentuado da Solis, marca que fortaleceu a sua quota de mercado. Mas a prova do decréscimo no mercado ao oitavo mês de 2022 fica clara com este dado: de janeiro a julho, todos os meses registaram mais de 500 tratores matriculados, e em agosto esse número não passou dos 439.

Analisando os segmentos de potência mais vendidos, o escalão 51-120cv confirma a preponderância no mercado, justificada pelos apoios do Governo para a Renovação do Parque de Tratores Agrícolas - 52,3% dos matriculados -, ficando o escalão abaixo dos 50cv mais uma vez aquém dos 40%, comprovando a perda contínua de força. Quanto aos segmentos de maior potência, o de 121-200cv continua na linha dos 7%, enquanto o escalão acima de 200cv matriculou 6 tratores em agosto – um pouco abaixo da média dos primeiros sete meses (6,85), chegando às 54 unidades nos primeiros oito meses.

Marcas
O impacto da Solis no mercado expressa-se na força dos números: com 585 tratores matriculados ao fim de oito meses em 2022, a marca indiana já superou o registo alcançado em 2021 (565), tendo ainda quatro meses para poder alargar o seu domínio. Entre os cinco primeiros, que não alteraram posições, volta a destacar-se a quebra da Deutz-Fahr em relação ao período homólogo do ano anterior – em maio era de 23% e no fim de agosto 25,28% – e a da New Holland, ainda que residual (3%), ao contrário de John Deere e Kubota, que cresceram ambos na ordem dos 25%.

Veja os quadros

Marcas e modelos mais vendidos, classificados por segmentos de potência
Segundo os dados do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), entre janeiro e agosto de 2022, foi a Solis que matriculou mais tratores e que teve o modelo mais vendido: o Solis 26 4WD Stage V registou 256 unidades transacionadas (no final de agosto, este modelo representa 43,8% do total dos modelos Solis matriculados), contabilizando mais 116 unidades do que o Farmtrac 26 4WD, segundo modelo mais matriculado no fim de agosto.

Quanto às marcas líderes nos diferentes escalões de potência, a Solis fortaleceu o domínio abaixo de 50cv, com 387 tratores matriculados novos, mais 197 do que a Kubota. No escalão 51-120cv, sobressai a New Holland, chegando mesmo aos 453 tratores matriculados, voltando aqui a situar-se a Kubota no segundo lugar mas já a 208 máquinas de distância. Nas potências mais elevadas, a John Deere estende o domínio e afasta-se da Valtra: nos 121-200cv, a marca norte-americana alargou a vantagem (110 contra 41), enquanto no escalão acima dos 200cv soma 21 tratores vendidos contra 9 da marca finlandesa.

Reboques
A quebra no mercado dos reboques que já se manifestava em maio mantém a tendência três meses depois: se no início do verão, as marcas haviam matriculado menos 19 reboques em relação ao período homólogo do ano passado, no fim de agosto esse número ascende aos 47, tendo quatro das cinco primeiras marcas quebrado, ainda que a Herculano tenha sofrido uma queda residual. A única do Top 5 a aumentar os seus registos em relação aos números no fim de agosto de 2021 foi a Ja&ma Reboal: de 98 unidades passou para 112, este ano. A Massil registou a maior subida: aumentou o número de reboques matriculados em perto de 80% com mais 46 reboques matriculados do que os 58 que havia matriculado no fim de agosto 2021.

A revista abolsamia contactou Sérgio Silva, gerente da Massil, que explicou desta forma o aumento de matriculações da marca. “Esta evolução deve-se ao reajuste e enquadramento nas novas diretivas das homologações nacionais. Fizemos algumas alterações na conceção e desenvolvimento e houve uma aposta nas novas tendências de mercado, desenvolvendo novos modelos de reboques e procurando, assim, satisfazer as necessidades dos nossos clientes.” Por fim, refira-se que, pese embora a quebra registada, a Galucho continua a liderar o mercado de matrículas de reboques.

Linhai reforça liderança nos ATV’s e empate técnico nos UTV’s
Numa análise ao mercado de vendas de ATV’s (Veículos todo o terreno)  e UTV’s (Veículos utilitários multitarefas) nos primeiros oito meses do ano, a Linhai reforçou a liderança de vendas de ATV’s: matriculou mais 97 veículos do que no mesmo período do ano passado, deixando a CF Moto mais longe, ainda que esta tenha melhorado os seus números também. Nos UTV’s, o cenário já é diferente pois regista-se um empate técnico entre BRP e CF Moto, tendo ambos 82 veículos matriculados, quando a BRP havia tomado a dianteira em maio. Nota para o crescimento do mercado dos veículos utilitários em relação à mesma altura do ano passado: nos ATV, há mais 34,35% de matriculados e nos UTV’s a subida é de 38,52%.

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