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Outubro foi o mês de vendas-recorde em Portugal

30/12/2019

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Outubro foi o melhor dos meses do ano no que se refere a matrículas de tratores novos em Portugal e em correspondência com o bom desempenho do mercado, com um crescimento na ordem dos 18,6% face a idêntico período de 2018, estando já contabilizadas (até ao final do décimo mês do ano) 5680 matrículas de tratores novos. Haverá que levar em linha de conta que os dados estatísticos com origem no IMT e fornecidos pela ACAP não excluem dos presentes dados os veículos utilitários, que não necessariamente tratores no sentido mais literal do termo, mas legalmente matriculados como tal em todo o espaço da União Europeia.

Naquele mês de outubro foram matriculados 751 tratores agrícolas (recorde do ano), valor que supera o resultado do mês de agosto – o melhor no ano em curso -, que totalizara 663 unidades. O pior mês, com apenas 410 novas matrículas, foi fevereiro. Tratando-se de um valor bastante lisonjeiro para o mercado português, o mesmo é dizer do valor acumulado, ou 18,6% acima dos valores homólogos de 2018, em linha com o que se passa nos mercados espanhol e francês.

A manter-se a média mensal de novas matrículas – 568 unidades -, o mercado encerrará o ano com mais de 6800 novos tratores, superando os anos 2018 (5788) e de 2017 (6005).
No que se refere a tipologias, são os tratores compactos que estão em maioria, contribuindo com mais de 2516 daquelas matrículas, seguindo-se os convencionais (1963) e os especiais (1201). Convirá ressalvar que a entrada da Linhai, este ano, para o mercado de vendas, com veículos UTV, muito contribuiu para este resultado, uma vez que matriculou 336 unidades até ao final de outubro, liderando a tabela.

Os resultados por intervalos de potências continuam a ser os mesmos, com o escalão entre os 30-39 Kw (40 a 52 cv) a liderar o registo de vendas, ao reclamar 1233 unidades, seguido pelo patamar imediatamente acima (53-80 cv), com 1010 unidades. A classe de potência mais baixa de todas (abaixo de 25 cv) contribuiu com 776 unidades.
Por marcas, a New Holland continua a encimar a tabela, seguido pela Kubota, John Deere, Deutz-Fahr. A Linhai, com os veículos UTV, ocupa o quinto posto, e a CF Moto, com veículos UTV, encerra o Top-10.

 

Espanha e França contrariam pessimismo

O  registo de matrículas de tratores novos em alguns dos principais mercados do espaço europeu continua a contrariar o pessimismo antecipado pelos organismos associativos da própria indústria. Se na Alemanha as vendas acumuladas dos dez primeiros meses superam em 14,7% as do período homólogo do ano anterior, em Espanha, e apesar de uma considerável quebra durante o mês de outubro, o resultado acumulado de dez meses supera as expetativas, com 9901 unidades comercializadas, o que corresponde a uma aumento de 15,85% relativamente ao ano anterior, e leva a supor que seja possível ultrapassar a marca dos 11 mil tratores novos vendidos até ao final
do ano.

Também em França o mercado segue bastante animado, prevendo a Axema, a União dos Industriais de Agroequipamento, o encerramento do ano com uma subida de 15% face a 2018. No entanto, e após a grande euforia a meio do ano, com resultados de crescimento impensáveis, aquela associação revelou que após os primeiros três trimestres registou-se um crescimento de 20% nas vendas.

Até no Reino Unido a situação pessimista está um pouco mais desanuviada, pois se nos primeiros sete meses do ano notou-se um aumento de 9% nas novas matrículas, os registos ao cabo de oito meses foram superiores em 6% relativamente ao mesmo número de meses de 2018, o que leva a supor que o encerramento das contas deste ano evidenciará um saldo positivo face ao anterior, fazendo atenuar as graves perdas verificadas naquele exercício.
No país mais próximo, o que continua em queda livre é a venda de reboques, que acumula 32% de perdas face a 2018. Também em declínio, as vendas de maquinaria arrastada registam -3,72%, ao passo que o setor das automotrizes está com um ganho muito perto dos 9,50%.

 

Espanha é um el dorado para tratores usados

A notícia surgiu no insuspeito diário espanhol El País e demonstra que no país vizinho há uma preocupação crescente com o que começa a ser considerada uma praga – o mercado paralelo de tratores usados. Pior: na maioria dos casos, aquelas máquinas têm mais de 20 anos de vida e são desprovidas das estruturas de segurança adequadas.

Segundo dados da administração responsável pelo processo de matrículas, a cargo do Ministério da Agricultura, o mercado agrícola espanhol tem sido muito apetitoso, na última década, para os intermediários de maquinaria usada. Enquanto que a média de matrículas de máquinas novas ronda as 11.500 unidades, outras 28 mil já usadas têm sido registadas anualmente, e muitas outras nem sequer são registadas, pois é frequente entrarem no país como sucata, em contentores, para depois serem reconstruídas.

Estima-se que o número do parque oficial de tratores ronde as 800 mil unidades, sendo que metade excede os 20 anos de vida, e que 20% destes tenha mais de 40 anos. O diário espanhol escreve mesmo que, para o mercado externo, Espanha funciona como uma espécie de aterro para tratores usados. E o principal “exportador” tem sido o Japão, que ali colocou mais de mil unidades, mas também o Reino Unido (643), a França (298) e também Portugal (159).
Outra questão explorada pelo El País dá conta que metade dos tratores importados por Espanha têm como destino final o exterior, pois uma parte acaba em Portugal e o restante nos países africanos, além de outros países europeus. 

O Ministério da Agricultura tem feito uma dotação anual de cinco milhões de euros como incentivo ao abate de tratores para a aquisição de tratores modernos e seguros, medida que parece não estar a funcionar, pois a idade média do parque de máquinas continua sem baixar, a ponto de estar a ser preparado um real decreto para vetar o registo de tratores com mais de 40 anos e sem as condições adequadas de segurança nas cabines.
Recorda o diário madrileno que os acidentes fatais com tratores provocam anualmente, cerca de 80 mortes.

 

Indústria europeia pede à UE que se foque em políticas fortes

Uma forte política industrial, outra que perfilhe uma agricultura e construção sustentáveis e uma agenda de comércio livre são as três solicitações que os comités europeus de maquinaria agrícola e de equipamentos e construção (CEMA e CECE) fizeram chegar ao novo elenco da Comissão Europeia (CE).
Juntos, aqueles organismos lembram que geram anualmente mais de 80 mil milhões de euros para a economia comum e que empregam perto de 600 mil cidadãos em toda a Europa, e que querem continuar a inovar, a proporcionar avanços tecnológicos em busca de soluções sustentáveis para o ambiente comunitário. Mas para isso são necessárias políticas mais fortes e menos ambíguas e que possam desbloquear todo o potencial da economia digital para que possam permanecer competitivos num mercado cada vez mais globalizado.

 

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