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A visão dos representantes das marcas (mar/abr 2025)

27/03/2025

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Que balanço faz do ano transato nos setores do Grupo Joper Tomix e Ribatejo (Pulverizadores, alfaias, cisternas e reboques agrícolas)?
O ano de 2024 foi um ano difícil para todo o sector de máquinas agrícolas.
Tem-se notado ao longo dos últimos anos que as máquinas destinadas ao pequeno agricultor e à agricultura de hobbie têm vindo a descer nas vendas e 2024 não foi exceção. Referir também que há sectores mais afetados que outros, sendo que o setor vitivinícola e frutícola tem sido muito penalizado e, por consequência, afeta as vendas das máquinas para esse setor.
No que respeita a alfaias profissionais de grande porte, a cisternas e reboques agrícolas de grande porte, a tendência é de crescimento visto que há dificuldade de mão de obra e aumento de custos de produção, obrigando os agricultores a fazer mais, com menos.
A falta de projetos de apoio à aquisição deste tipo de equipamentos e a descapitalização dos agricultores leva a que a procura seja mais reduzida e sem entusiasmos.


O que perspetiva para este ano de 2025 (desafios, oportunidades e tendências) no mercado português?
Para 2025 as perspetivas são piores que as de 2024. Como referi, a falta de projetos de apoio à aquisição deste tipo de equipamentos, a degradação dos preços de venda dos produtos dos agricultores e a descapitalização dos mesmos, leva a uma diminuição na procura.
Portugal, segundo dados disponibilizados pelo INE, em 2023 tinha 261,5 mil explorações agrícolas, o que representa uma quebra de 9,9% face aos números de 2019, no entanto existe um aumento da dimensão média das explorações e um aumento da produtividade.
Esta é a tendência, explorações maiores, que apostam em máquinas com mais tecnologia, em precisão e inovação. Aqui está a oportunidade diferenciadora em que o nosso Grupo de empresas tem apostado, INOVAÇÃO, para que o agricultor tenha a sua vida facilitada e consiga aumentos de produtividade e melhores rendimentos.

De que forma as incertezas a nível global (guerras, evolução da economia mundial, aplicação generalizada de tarifas, crises geopolíticas, etc…) irão, ou não, afetar o setor a nível nacional e internacional, nomeadamente as exportações?
Efetivamente, toda a conjuntura mundial afetou-nos e afeta nas exportações, porém são ciclos, temos que nos adaptar com produtos diferenciadores e procurar novos mercados, de forma a colmatar um mercado ou setor que esteja menos bem.
No nosso Grupo, apesar dos desafios de 2024 e agora 2025, temos conseguido manter a nossa quota de mercado de exportação.

Que balanço faz do ano transato no setor das máquinas agrícolas?
Apesar da Potenzia ter iniciado formalmente a sua atividade enquanto importador exclusivo da Massey Ferguson para Portugal em 1 de Outubro de 2024, ou seja, a empresa não interveio no mercado até essa data, naturalmente acompanhámos a evolução do mercado nacional.
Em 2024, o mercado de tratores agrícolas registou um crescimento acumulado de 10% em relação ao ano anterior, com cerca de 5800 tratores matriculados.
Este crescimento resultou em grande medida dos segmentos de tratores convencionais e especiais, com variações positivas de 26,0% e 24,6%, respetivamente. Por outro lado, os tratores compactos registaram uma redução de unidades matriculadas de 7,0% no período em causa. Importa, no entanto, realçar que, apesar de um crescimento acumulado anual das matrículas, se registou uma quebra muito relevante de 31,0% nas matrículas de tratores agrícolas em dezembro de 2024.
É opinião generalizada dos operadores que este desempenho positivo do mercado português se deveu, em grande medida, à efetivação de matrículas como resultado de encomendas e compras concretizadas em 2023, beneficiando do programa europeu de incentivos ao abate.
Por fim, creio que será também importante realçar que o comportamento do mercado nacional em 2024 esteve em contraciclo com o mercado europeu, com vários países a registarem quebras significativas da procura. Aliás, alguns dos maiores fabricantes mundiais anunciaram degradação dos seus resultados económico-financeiros, acumulação de stocks e a implementação de medidas corretivas para 2025.

O que perspetiva para este ano de 2025 (desafios, oportunidades e tendências) no mercado português?
Considero-me um otimista moderado, ou seja, acredito que, apesar das dificuldades conjunturais, o setor agrícola nacional será resiliente e manterá uma tendência para a estabilidade, que aliás tem sido notória nos últimos anos.
Dito isto, os vários cenários que se vão construindo para o mercado português de tratores agrícolas são, na melhor das hipóteses, desafiantes. O ano de 2025 começou com uma contração significativa nos primeiros dois meses em termos de matrículas, por comparação com o período homólogo de 2024. Essa contração foi mais ou menos transversal aos vários segmentos de potência, apesar de um especial impacto nos convencionais.
Estamos hoje confrontados com uma grande incerteza política, sendo de admitir um atraso ou suspensão de medidas importantes para o setor por vários meses. Em causa poderão estar atrasos na implementação do programa de incentivos no âmbito do PEPAC e incerteza quanto a novos incentivos europeus ao abate, entre outros programas.
Naturalmente os segmentos das menores potências serão mais sensíveis a estas circunstâncias. O número de pedidos de propostas e de intenções de compra mantêm níveis elevados, mas a sua concretização estará em suspenso até à confirmação e clarificação das medidas estruturais e conjunturais de apoio ao investimento.
Nas classes de potência mais elevadas, associadas a segmentos mais profissionalizados e com estruturas empresariais mais robustas e verticalizadas na sua intervenção no mercado, acreditamos que as intenções de investimento se manterão. Estes players estão crescentemente atentos às inovações tecnológicas e soluções que as marcas possam apresentar.
A Potenzia, enquanto parceira da Massey Ferguson, tem a felicidade de poder contar com uma marca que lidera o mercado mundial em termos de inovação e soluções que potenciam a produtividade e a sustentabilidade das explorações agrícolas. Por outro lado, a Potenzia conta com uma equipa especialmente qualificada para responder as estas solicitações do mercado.

De que forma as incertezas a nível global (guerras, evolução da economia mundial, aplicação generalizada de tarifas, crises geopolíticas, etc…) irão, ou não, afetar o setor?
O atual nível de incerteza geopolítico e geoestratégico, com um elevado potencial de impacto negativo sobre a economia europeia e, por consequência, sobre a economia portuguesa, é muito elevado e gerador de enorme volatilidade. Num contexto tão incerto e exigente, em que as marcas mais representativas já enfrentam desafios difíceis em resultado dos seus pobres desempenhos em 2024, podemos antever um 2025 como um ano de ajustamento, não se perspetivando crescimento relevante no mercado europeu de equipamentos agrícolas.

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