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Inovação inspira transformação no setor do pós-venda

13/12/2024

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No passado dia 28 de novembro de 2024, o Museu do Oriente, em Lisboa, acolheu mais uma edição do Fórum DPAI/ACAP. Subordinado ao tema “Ao Volante da Inovação”, o encontro reuniu cerca de 250 profissionais nacionais e internacionais, meios de comunicação social e representantes de grandes marcas, para debater os desafios e oportunidades que estão a redefinir o setor do aftermarket.

A mudança de paradigma
A sessão de abertura, conduzida por Joaquim Candeias, presidente da DPAI/ACAP, destacou a necessidade de a inovação tecnológica se tornar um pilar central do setor. “A inovação não é apenas uma vantagem competitiva, é uma necessidade imperativa para nos adaptarmos a um setor em constante evolução, afirmou.
Seguiu-se uma primeira intervenção por Pedro Janela, CEO do WYgroup, que destacou o “papel da Inteligência Artificial (IA) na mudança de paradigma no setor e nas empresas de forma geral, não apenas na facilitação de processos, levando ao aumento da produtividade, como também na capacidade de análise de dados que pode ser utilizada como uma ferramenta decisiva na melhoria contínua, por exemplo”.
No seguimento desta abordagem, o primeiro painel de debate, co-moderado por Pedro Janela e José Pires (Krautli Portugal e DPAI/ACAP), explorou como as ferramentas inovadoras estão a redefinir por completo os processos operacionais e, acima de tudo, a análise da experiência do cliente. Com a participação de Aldo Machado (NEX Tyres), Mário Moreira (FLS Motor) e Pedro Cunha (MyForce e DPAI/ACAP), foram apresentadas aplicações concretas, como a previsão de falhas, a otimização de inventários e a capacidade de atualizar remotamente o software (over-the-air).
O advento de grandes players internacionais, que contam com a vantagem da escala e do domínio das ferramentas digitais e das vendas online, também foi vista como a grande “ameaça” para os atores do aftermarket independente, sendo mais um motivo para que a transformação digital seja vista como um investimento crucial.

O pós-venda como força económica
Já Álvaro Cruz, Diretor de Comunicação da FIGIEFA (uma organização internacional que representa os interesses dos distribuidores independentes de peças, equipamentos e serviços para veículos automóveis), trouxe uma análise sobre a regulamentação europeia e a sustentabilidade no aftermarket. Um dos temas centrais foi a cláusula de reparação, que ainda não está harmonizada na União Europeia, o que cria obstáculos para o mercado independente em vários países. Durante a sua intervenção, Álvaro Cruz ilustrou as disparidades entre Estados-Membros, com exemplos como a Alemanha e a França, que já abriram os seus mercados, enquanto outros ainda protegem desenhos e modelos de peças durante até 25 anos. Álvaro Cruz destacou ainda a importância da economia circular como uma prioridade estratégica, reforçando o papel do aftermarket na sustentabilidade e na redução de emissões. Para o especialista espanhol, “o automóvel mais sustentável é que aquele que se encontra a circular atualmente”.
Álvaro Cruz destacou por fim o relatório Roland Berger, que enfatiza a contribuição do IAM para a economia europeia e para uma mobilidade acessível a todos. Segundo este relatório, o IAM representa um mercado de 73 mil milhões de euros apenas em peças sobressalentes, correspondendo a 62% do mercado total de peças. Este setor é particularmente importante para a manutenção e reparação de veículos com mais de quatro anos, que constituem cerca de 70% dos 195 milhões em circulação nas estradas europeias atualmente.

Os dados dominarão o futuro
Após o almoço, durante o debate moderado por Frederico Abecassis (Hella) e Hélder Pereira (MANN+HUMMEL), onde marcaram presença Pedro Proença (Create Business), Jorge Pereira (Ayvens) e António Coutinho (M Coutinho), foram abordados tópicos como a integração entre os mercados IAM e OES e a importância de garantir acesso aos dados técnicos e de diagnóstico. A certificação SERMI foi tida como essencial para garantir um mercado justo e competitivo, especialmente no contexto atual dos veículos conectados e eletrificados.

Foram ainda apresentados alguns fatores-chave que moldarão o futuro do aftermarket: o controlo crescente das peças cativas pelos OEM (Original Equipment Manufacturer), a necessidade de políticas robustas de cibersegurança, o acesso a dados de diagnóstico, a capacidade das oficinas de realizarem atualizações de software e a monitorização em tempo real dos sistemas dos veículos.
No evento foram ainda destacadas questões como o aumento dos custos de produção devido a tensões internacionais e a políticas protecionistas, a ascensão dos mercados asiáticos no setor e o impacto de novos players na Europa.

A mobilidade elétrica
Miguel Fonseca, executivo do setor automóvel, apresentou uma reflexão estratégica sobre o futuro do aftermarket. Reforçou a importância da colaboração entre players, bem como da digitalização e da sustentabilidade como vetores-chave para o sucesso.
As exigentes metas ambientais impostas na Europa estão a “forçar” as mudanças. Seja na adoção acelerada de veículos elétricos, de forma a baixar as emissões de forma imediata, como até na maneira como nos iremos deslocar em ambiente urbano, com várias cidades a criarem zonas ZEV (zero emissões) e o advento dos automóveis autónomos. Isto pode ser um desafio para o setor do aftermarket, já que os automóveis elétricos têm 85% menos necessidade de peças. Mas se os automóveis particulares estão tradicionalmente nas “mãos” dos OES, o crescimento de plataformas como os TVDE, os operadores de táxis autónomos e os clientes em regime de mobilidade partilhada (com os veículos a fazerem centenas de milhar de quilómetros por ano) podem representar uma  oportunidade para os gestores de frotas e para os operadores independentes (IAM).

 

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